terça-feira, 16 de agosto de 2011

Arrumando as malas...



Colocando as idéias em cena, e finalizando o produto que será apresentado no encontro do Rumos Itaú Cultural Teatro, dia 01 de setembro de 2011.



Nosso próximo encontro presencial será entre 22 e 25 de agosto, em Recife, de onde viajaremos juntos para São Paulo.

Evoé!!!

sábado, 9 de abril de 2011

Abuso de lá abuso de cá


Contemplados na primeira edição do programa Rumos Teatro ano 2010, do Itaú Cultural, o cearense Grupo Bagaceira e o pernambucano Coletivo Angu de Teatro já iniciam as atividades. Como principal característica do programa, a proposta é dialogar e intercambiar ideias




 
Era 2004 e a cidade de Guaramiranga fervia em mais uma edição do seu Festival Nordestino de Teatro. Os grupos Bagaceira (CE) e Coletivo Angu (PE), com importante e estável atuação em seus estados, integravam a mostra. Nascia ali uma admiração mútua. “Nos conhecemos de assistir os trabalhos um do outro, de conversar em mesa de bar, mas nunca havíamos, de fato, trabalhado juntos. Esta foi a oportunidade”, comemora o ator pernambucano Arilson Lopes. Ano passado, as duas companhias foram contempladas, em projeto conjunto, na primeira edição do programa Rumos Teatro, do Itaú Cultural.


Ainda em fase embrionária, os coletivos realizam esta semana a primeira etapa da ação. Longe de qualquer pressão para montagem de um trabalho de cena, uma característica do Rumos, os artistas se encontram para debater a linguagem e refletir sobre a prática do teatro de grupo. “É uma proposta muito rica. Geralmente, o marketing dos bancos quer um resultado, um produto. E este é um projeto que banca o encontro, o diálogo, a discussão”, elabora Rafael Martins, ator e dramaturgo do Grupo Bagaceira.

Analisando as propostas das companhias, os atores decidiram investir num tema cotidiano e recorrente nas pesquisas de ambos os grupos. “Decidimos falar do abuso. É um tema que está muito presente na atuação e nos espetáculos de cada um”, explica o diretor e ator do Bagaceira, Rogério Mesquita. E como a palavra dá vazão para um mundo de possibilidades, Rafael Martins explica que somente com o tempo eles definirão o recorte do projeto Abuso. “Você abusa e é abusado o tempo inteiro, em qualquer situação. Ainda não sabemos como o tema será trabalhado, mas a base do teatro é o conflito e o abuso representa isto”. Até o segundo semestre, o cronograma prevê encontros em Fortaleza e Recife e a alimentação do blog Conexões Coletivas.

Como outras edições do programa Rumos, uma das exigências deste é a manutenção de um blog onde o público, instituição e os outros aprovados possam acompanhar o desenrolar do projeto. “Não queremos que o blog seja sisudo. O público sempre opera a obra e vai ser um bom termômetro para isso”, enfatizou o ator Arilson Lopes, do Coletivo Angu.

Até o segundo semestre, os 24 grupos selecionados no edital 2010, deverão apresentar a quantas anda o desenrolar do projeto. A Mostra de Processos acontecerá na sede do Itaú Cultural, em São Paulo. O Bagaceira e o Coletivo Angu são os únicos grupos nordestinos a intercambiar entre si. “Não estamos nos preparando para montar um espetáculo, até porque o projeto não banca isso, mas para dialogar, trocar experiências. O maior objetivo deste programa é o processo”, enfatiza Rogério Mesquita.

Criado em 2000, o Grupo Bagaceira de Teatro sempre priorizou a pesquisa autoral. Com 11 espetáculos montados, o grupo tem um repertório premiado, como as peças Lesados e O Realejo. O pernambucano Coletivo Angu de Teatro soma em oito anos de estrada, as montagens Angu de Sangue e Rasif, de Marcelino Freire, Ópera, de Newton Moreno.

Elisa Parente
elisa@opovo.com.br

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Abuso de...


Tenho abuso de ti, de doce, de salgado, de bebida, de comida, de tristeza, de alegria, de pessoa, de bicho, de bicha, de hétero, de dormir, de trabalhar, de correr, de andar, de nadar, de tentar, de tentar, de tentar, de fazer tudo, de fazer nada, de ficar sentado, de ficar em pé, de ser ativo, de ser passivo, de dar, de receber, de falar, de sexo oral, de sexo anal, de coisas e tal,  de violência, de muita paz, da palavra contemporâneo, de intelectualismos, de burrice, de muita felicidade, de ser blasé, de você também, de purê, de beber, de BBB, de muito QQQ , disso, daquilo, e daquilo outro, do dia, da noite, da madrugada, da balada, das abaladas,  de balas de café, de quem tem muita fé, de quem tudo duvida, de quem não sabe de nada, de quem se faz de besta, de quem ri pra todos, de pessoas antipáticas, de quem fala cuspindo, de sotaques, de ataques, de chiliques, de quem não é chic, de gente feia, de mau vestidos, de rasteirinhas, de coitadinhas, de quem fala no diminutivo, de quem me chama de querido, de quem é muito incherido, de menino danado, de cachorro latindo, de gente falando alto, de quem fala muito baixo, de musica sertaneja, de universitário, de sertanejo universitário, de forró, de café, de axé, de pagode, de rave, de eletrônico, de aparelhos, de celular, de celulite, de gordas, de magros, de quem tem a língua presa, de quem tem a língua solta, de quem fala e não olha, de quem olha e manga, de suco de manga, de picolé de murici, de quem fala besteira e ninguém rir, de encontrar pessoa conhecida em fila, das mesmas perguntas, de bate papo da UOL, de pessoas o Ó, de quem não sabe fazer um O com uma quenga, de quem tenta rimar e não sabe, de quem peida e fica rindo, de quem caga e não dá descarga, de quem pega no saco e cheira, de quem só quer ser muito doido, de quem não quer nada com a vida, de quem vive querendo morrer, de quem chama iogurte de Danone, de certas religiões, de algumas coisas, do dia a dia, do meu aniversário, de cidra no reveilon, de ônibus lotado, de perfume forte, de quem fala alto no celular, de quase tudo, de muitas coisas, até de mim mesmo. Tenho abuso até de mim.

Yuri Yamamoto

13/03/11

segunda-feira, 4 de abril de 2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olho maior que a barriga!






Frio lá fora, fogos de artifício. A cidade está em festa.
Na cozinha, a panela de pressão dançava ferozmente ao som do seu chiado.
Um cheiro quente e delicioso de leite condensado, melado, grudado na ponta da colher de pau.
Mugunzá.
- Mas como, se nem São João era?
Deveras, era Carnaval!!!
- Carnaval? Não entendi!
Sua mãe cozinhava naquele dia frio de uma terça de carnaval um delicioso mugunzá branquinho, com cravo e doce com leite condensado.
- Está pronto!
A menina devorou dois pratos cheios daquela delícia.
- Quero mais um!
- Menina, olhe o abuso!
Mas a menina não se contentou e devorou um terceiro prato, mais saboroso que o primeiro e o segundo.
Mais tarde, já deitada na cama, a menina sente uma batucada no seu estômago: seria o carnaval querendo sair? Uma tontura e um pesar se aponderam da menina, que resolve se levantar.
- Que abuso!
Ao ficar de pé, um forte jato branco e azedo saiu pela sua boca caindo em cima do cobertor de sua irmã que dormia.
- Mãe!!! Vomitei!
A mãe recolhe o cobertor coberto com o vômito branco e azedo. A menina, desolada, acompanha o carnaval  que é transmitido pela televisão.
Dias depois, na escola, hora da merenda.
- Tia, o que vai ter hoje?
- Mugunzá!
A menina se entristeçe.
- O que foi menina? Não gosta de mugunzá?
- Não! Comi tanto que abusei!
A menina ate hoje, não come mugunzá.

Tatiana Amorim

* Baseado em fatos reais

sábado, 12 de fevereiro de 2011

ABUSO segundo o Dicionário Houaiss

Acepções:
n substantivo masculino
1     uso incorreto ou ilegítimo; abusão, excesso
2     uso excessivo ou imoderado de poderes
3     aquilo que se opõe aos bons usos e costumes
4     qualquer ato que atente contra o pudor; sedução, desonra
5     Regionalismo: Brasil.
aborrecimento, maçada
6     Regionalismo: Brasil.
enjoo, fastio a comida ou bebida

Locuções:
a. de autoridade
Rubrica: termo jurídico.
m.q. abuso de poder

a. de confiança
violação da crença na probidade moral de outrem ou de compromisso por ele assumido

a. de confiança pública
Rubrica: termo jurídico.
m.q. peculato

a. de poder
Rubrica: termo jurídico.
abuso de direito praticado por autoridade pública; abuso de autoridade

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CONCEITO DA PESQUISA

 Bagaceira (CE)
Coletivo Angu de Teatro (PE)


A oportunidade e a importância desse projeto prendem-se a necessidade que sentem o Bagaceira e o Coletivo Angu de Teatro, de aprofundar a investigação, a pesquisa e a reflexão do seu próprio fazer teatral. Enquanto grupos estáveis se propõem a colaborar com a nova cena teatral cearense e pernambucana e com o fortalecimento do teatro de grupo, ao mesmo tempo e que investem nos possíveis diálogos entre linguagens artísticas intercambiáveis.

O hibridismo entre linguagens, como também o jogo metalingüístico, forte marca identitária do trabalho dos dois grupos, torna-se fundamental na composição do experimento teatral que propomos. Serão intensificados através do diálogo com expressões gráficas e artes visuais. O jogo dramático dos atores também flertará com a música e com a dança.

Nos propomos fazer uma intercâmbio de saberes sedimentados ao longo das experiências vivenciadas pelos grupos, mas queremos intensificar essa interação também entre nossas próprias experimentações cênicas.  A possibilidade de manipulação de meios tecnológicos poderá nos permitir a experiência de dissolução das noções de tempo e espaço, através de recursos digitais e virtuais corriqueiramente utilizados (internet, telefones celulares, câmeras digitais); questionar e/ou redimensionar o próprio conceito de presentificação inerente à experiência teatral. O uso de recursos audiovisuais não terá um fim puramente ilustrativo e ganhará contornos poético-metafóricos e tecnicamente utilitários.

No jogo de cena, mesmo que tenha fortes características multimidiáticas - com a exploração de múltiplas camadas sígnicas - a figura do ator será posta em destaque.  O foco principal de nossa investigação recairá sobre a voz e o movimento. As potencialidades expressivas do ator serão exploradas através do estudo sistemático, tanto teórico quanto prático, sobre concepções e proposições metodológicas voltadas para o corpo no teatro e na dança. O trabalho dramatúrgico deverá surgir desse mergulho, calcando-se em improvisações. Nele as palavras, as sonoridades e as imagens serão tratadas sem hierarquizações. Mesmo diante da ausência de um enredo ou de uma definição temática prévia (visto que tais elementos deverão surgir a partir do entrecruzar de informações entre os grupos e no decorrer dos processos criativos), estaremos empenhados em fugir do explícito, do lugar comum e nos propomos, através da alternância do familiar e do estranho, tocar a razão e a emoção do espectador.